domingo, 7 de fevereiro de 2010

CURIOSIDADES ECONÔMICAS!

Para os economistas menores de 40 anos que mais se destacam na produção acadêmica, a American Economic Association premia com a medalha JOHN BATES CLARK. Até esse ponto eu conhecia. Inclusive, que o colega STEVEN LEVITT ganhou a dele em 2003. O que eu desconhecia?
Que em 1.895 o colega JOHN BATES CLARK, escreveu um artigo que criou o termo TAXA DE JURO REAL, o qual foi incorporado ao nosso vocabulário desde então e faz parte da teoria econômica em qualquer lugar do mundo.

COMPARAÇÕES INCOMPARÁVEIS!

Como comentamos anteriormente, o que aconteceu na década de 1930, NÃO é exatamente o que aconteceu/acontece agora no mundo. Apenas sobre o DESEMPREGO, vejam os dados: Em 1933 chegou a 25% nos Estados Unidos. Em 1932 atingiu quase 27% na Inglaterra. Em 1930 chegou a 33% na Alemanha.
Diante disso, podemos afirmar: que bons tempos vivemos nesta década?

POLÍTICA EM 2010.

Em ano de eleição, entendemos que um blog sobre ECONOMIA não deve ficar distante do mundo político. Afinal, ECONOMIA e POLÍTICA andam de mãos dadas. Para vocês, direto do DIÁRIO DO NORDESTE, da bela capital cearense, SINFRÔNIO, mais uma vez, é Mestre no assunto.

AULA DE ECONOMIA REAL.

Recebi hoje e-mail do Professor CARLOS PIO, com o 1º artigo publicado pelo JOSÉ ROBERTO MENDONÇA DE BARROS no ESTADÃO. José Roberto é irmão do nosso colega LUIZ CARLOS MENDONÇA DE BARROS, que postamos neste espaço sempre que possível. Abaixo o texto do JOSÉ ROBERTO com as nossas boas vindas.

Inicio hoje minha colaboração com O Estado de S. Paulo e a faço com muita satisfação. Conheço boa parte dos jornalistas da área econômica e também acompanhei a construção da nova fase do Caderno de Negócios e de Economia. Poucas vezes conseguiu-se reunir um time tão parrudo de profissionais.

Nos artigos, tratarei de três temas complementares: macroeconomia, análise setorial dos segmentos mais relevantes da economia brasileira e, cada vez mais importante num mundo incerto, de questões ou exigências estratégicas que se colocam para as empresas.

Existe uma linha importante a ligar essas três abordagens, que, na verdade, são complementares. Como me foi dito recentemente por Fábio Barbosa (do Santander), o volume e as incertezas futuras são de tal natureza que se exige dos países e das empresas, antes de tudo, flexibilidade para que o custo do ajuste a uma situação imprevista seja o mais reduzido possível.

A proposta de elaborar uma regra rígida para distribuição de lucro das empresas, tentando transformá-las numa repartição pública, vinda dos Ministérios da Justiça e do Trabalho e das centrais sindicais, é o último dos exemplos de como construir uma perda de flexibilidade e competitividade da economia, como analisado por José Pastore nesta semana.

O que mais chama a atenção quando se analisa a economia internacional é a enorme disparidade de situações no que tange ao crescimento econômico. De fato, em algumas regiões prevalece a mais profunda recessão, enquanto em outras a recuperação está tão rápida que coloca riscos inflacionários a serem combatidos.

China, Índia, Austrália, Vietnã, Noruega e Brasil são os casos mais relevantes. Todos eles já começaram a reverter os incentivos concedidos logo no início da crise, seja elevando as taxas de juros, seja aumentando os depósitos compulsórios, controlando crédito, etc.

Mesmo essa situação favorável não é totalmente segura, uma vez que as autoridades devem operar com cuidado a velocidade de retirada dos incentivos para não matar a recuperação. Além do mais, todos sofrerão caso a economia americana venha a mergulhar na temida segunda recessão.

No caso chinês em particular, alguns analistas temem que, findo o programa de gastos fiscais, a economia passe a viver um grave problema de realização, ou seja, de insuficiência da demanda interna e externa frente a capacidade produtiva. Não acredito nessa segunda possibilidade, uma vez que a maior parte dos programas de investimentos chineses está na infraestrutura e busca uma elevação da produtividade sistêmica da economia. Mesmo onde o sol brilha, remanescem incertezas que geram volatilidade.

Por outro lado, a recuperação americana deverá ser sustentada, porém lenta. Ao longo de 2010, passado o ajuste de estoques que inflou o crescimento no fim de 2009, a economia americana deve convergir para um crescimento de algo como 2,5%. Entretanto, mesmo esse crescimento enfrenta dúvidas, pois muitos analistas acreditam que teremos uma segunda recessão, e não apenas uma desaceleração, à medida que se esgotem os incentivos fiscais com uma situação de alto desemprego. Temos aqui apenas duas certezas: o melhor cenário é o de crescimento baixo por alguns anos; e a volatilidade seguirá alta, tal é o volume de desafios a enfrentar (redução do desemprego, estratégia fiscal e redução do déficit, enxugamento adequado do excesso de liquidez, retomada do crédito, regulação do sistema financeiro, etc).

O terceiro e maior bloco de países é o da recessão, capitaneados por Japão e Europa. O caso do Japão é extremamente significativo, pois o país parece estar saindo do jogo ao completar a segunda década sem crescimento. Como todos percebem, já não se trata da purga de um período de excesso, curável com uma dose de restrição fiscal e de gastos de consumo. Fatores mais permanentes estão presentes: um sistema político envelhecido, sem liderança e criatividade; uma dinâmica demográfica horrível, com forte queda da natalidade e envelhecimento da população, resultando numa trajetória de redução absoluta do tamanho da população. A questão populacional fica ainda mais perversa pela absoluta antipatia e rejeição aos imigrantes, mesmo quando esses tem antepassados japoneses. O resultado é uma fraqueza do mercado de consumo que o governo tenta compensar, sem nenhum sucesso, com gasto e elevação da dívida pública. Com o consumidor retraído, as empresas não têm estímulo para investir, especialmente quando o mercado externo se torna mais competitivo e restrito, acumulando-se recursos líquidos direcionados ao mercado financeiro. Nessa sociedade não existe volta da confiança que possa trazer a retomada do crescimento; tudo indica que o país seguirá envelhecido, rico e estagnado.

Na Europa, os problemas se acumulam. A Europa oriental tem de digerir uma crise de excesso de dívidas denominadas em moeda estrangeira. Ao mesmo tempo, a fragilidade da situação fiscal da Grécia levantou o espectro de um default soberano. Não acredito nessa ocorrência, mas ela contaminou os riscos de vários países, como Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, e vai exigir uma prolongada recessão nos mercados antes que se volte à normalidade.

O que completou o quadro ruim foi o recente enfraquecimento de Alemanha e França. Recentemente, a chanceler alemã levantou, em um discurso, o risco de o país iniciar uma trajetória à la Japão, com uma demanda interna estagnada, externa fraca e empresas sem vontade de investir, mesmo com caixa. No geral, a falta de confiança no futuro é generalizada: apesar de uma vigorosa expansão monetária na comunidade (de 12%), o crédito não cresce. Nem bancos nem as empresas e os consumidores estão dispostos a correr riscos.

O cenário internacional aponta para uma leve recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) global, uma valorização do dólar muito mais decorrente da fraqueza da Europa e do Japão e razoáveis preços de commodities (peso da China e Índia). O euro pode vir abaixo de 1,30 por dólar e o real deve se desvalorizar para a faixa de 1,90/1,95, como resultado da tendência internacional, da piora acelerada do déficit em conta corrente e das incertezas políticas.

Finalmente, existe uma grande lição dessa crise para a nossa política comercial. Uma das forças do Brasil é ser um global trader, pois permite manter as exportações crescendo mesmo em crise. Exportar muitos produtos para muitos mercados é um grande ativo. Daí porque ser lamentável que um antiamericanismo infanto-juvenil tenha colocado a busca por mercados na última prioridade do Itamaraty, em parte responsável pela redução do peso das exportações para os EUA a meros 10% do total.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A THE ECONOMIST DESTA SEMANA!

Nas melhores bancas do planeta a THE ECONOMIST desta semana. Conforme a FOLHA DE S. PAULO, sob o título "Serra espera, com paciência um pouco excessiva, pela presidência" e o subtítulo "O líder na disputa fez um trabalho decente no maior Estado, mas para seguir na frente precisa entrar em campanha", a "Economist" perfila o tucano como "desenvolvimentista, não muito distante de Ms. Rousseff, embora ele aparente, mais provavelmente, que vá fazer as reformas necessárias para melhorar o serviço público".

Cita críticas às enchentes de "70 mortos" e como "sua liderança murchou". E avisa que "precisa começar a cantar seus louvores, se quiser evitar ser lembrado como o melhor presidente que o Brasil nunca teve".

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

PESSIMISMO EM FIM DE CICLO

Recebi em 10/01/2010 o texto abaixo de um fiel leitor e como o assunto continua atual,publico para a nossa reflexão. Fernando Canzian, 42, é repórter especial da Folha de S. Paulo. Foi secretário de Redação, editor de Brasil e do Painel e correspondente em Washington e Nova York. Ganhou um Prêmio Esso em 2006. Escreve às segundas-feiras.

NOVA YORK - Volto a este espaço para uma satisfação aos leitores que estranharam (e cobraram) a ausência da coluna nas últimas semanas.

Fui enviado emergencialmente aos EUA pela Folha de S. Paulo logo após a queda do banco Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, para cobrir a turbulência financeira global.

Depois de várias semanas na montanha-russa do último trimestre de 2008, vim para mais 12 meses nos EUA, sempre focado na crise americana e mundial. Agora chega ao fim esse período, que até rendeu um livro.

A coluna permanecerá em recesso (ou será apenas esporádica) por algum tempo. Voltará semanalmente mais à frente a partir do Brasil, com enfoque em economia e eleições.

A ausência recente aqui foi para preparar o desmonte da vida nos EUA e tentar "cheirar" o que vem por aí a partir de dados, notícias e relatórios tão contraditórios.

Ao que parece, são cada vez mais pertinentes as dúvidas sobre a sustentabilidade da tênue recuperação econômica que vemos nas economias desenvolvidas, em especial nos EUA.

E se teremos, ainda em 2010, novos períodos de forte volatilidade nos mercados financeiros. Com a possibilidade de uma recessão nos EUA em forma de W (queda em 2008/09, recuperação em parte de 2010, e queda mais à frente).

Não é exagerado dizer que, nas economias avançadas e em alguns mercados emergentes, estamos no meio de uma nova "bolha" de preços de ativos, principalmente de ações.

É extraordinário, por exemplo, que a Bolsa de Valores de Nova York tenha se valorizado mais de 75% desde do fosso de março de 2009 em um ambiente em que, até tão recentemente quanto dezembro passado, o país tenha perdido 85 mil empregos em um único mês (7,5 milhões nesta recessão).

O que há é uma enxurrada de dinheiro público e barato dos bancos centrais sustentando essa "bolha". O dinheiro não está sendo direcionado para o crédito ao consumo e para investimentos (ambos em queda), mas para a compra de um estoque limitado de opções de investimento --daí o inchaço da "bolha", pois há mais procura do que oferta de ativos.

Nos EUA, após o estrago do estouro da "bolha" imobiliária que detonou esta crise, uma muito maior (a do setor imobiliário corporativo) parece estar a caminho. Há milhares de prédios comerciais vazios e milhões de lojas, todos deixando de pagar dívidas com bancos.

Os EUA saíram da última recessão, no início da década, apoiados em uma gigantesca explosão do volume de crédito, que acabou levando ao boom imobiliário. Isso ajudou na recuperação, já que proprietários de imóveis ou mutuários se sentiam cada vez mais "ricos" com a valorização dos seus imóveis.

Hoje, não há nenhuma fonte de crédito ou dinamismo privado no horizonte que possa vir a substituir, em breve, a extraordinária e trilionária ajuda estatal que o governo Obama (e outros países) vem concedendo para tentar tirar o mundo rico da crise.

Isso tem limite, que está cada vez mais próximo.

O BACEN E A FAMÍLIA DO $REAL$

Hoje, diretamente de Fortaleza, a mistura de ECONOMIA + POLÍTICA, sempre com o excelente humor do SINFRÔNIO, no DIÁRIO DO NORDESTE.

A TAXA DE CÂMBIO

Diretamente da FOLHA DE S. PAULO, o colega DELFIM NETTO comenta novamente sobre o câmbio:
De acordo com estimativas (sempre sujeitas a chuvas e trovoadas), em 2008 transacionou-se diariamente, nos mercados de câmbio mundiais, qualquer coisa como US$ 1,8 trilhão (mais ou menos o PIB anual brasileiro).
Eles funcionaram cerca de 156 horas semanalmente para as 168 horas possíveis! Para ter uma ideia de sua dimensão, basta considerar que suas transações anuais andavam às voltas de US$ 450 trilhões, contra um pouco mais de US$ 16 trilhões de operações comerciais e serviços (exportação + importação, dividido por dois).
Esses números sugerem que mais de 95% das transações com moedas são oriundas do movimento internacional de capitais, para investimentos, arbitragem ou pura especulação. No Brasil, a situação não é muito diferente, porque dispomos de um eficiente e sofisticado sistema financeiro e uma Bolsa segura e organizada.
Mesmo quando não há nenhuma restrição às operações de comércio e serviços, a taxa de câmbio não é mais aquele animal pré-histórico, o preço relativo, que equilibrava fluxos de oferta e procura de divisas.
Ela é um ativo financeiro e, como tal, sujeita, no curto prazo, às condições que estabelecem o equilíbrio nos mercados daqueles ativos, particularmente as expectativas.
No mundo em que operam, 24 horas por dia, sete dias por semana, os agentes financeiros especializados têm à sua disposição a velocidade proporcionada pela moderna tecnologia ("high-frequency trading"). Para eles, o que importa são as condições de equilíbrio de seus portfólios, ou seja, dos estoques da riqueza (moedas, títulos nacionais e estrangeiros), que são ajustados a cada variação das condições internas e externas e das expectativas.
A taxa de câmbio é apenas um dos ingredientes do equilíbrio. Os outros são a sua própria expectativa, a taxa de juro interna e a externa, o nível do PIB e o saldo em conta corrente, que equilibram (ajustam os estoques de ativos) os mercados financeiros nominados nas várias moedas, como assistimos no Brasil nas últimas semanas. Esse é o preço da integração profunda do mercado de capitais nacional ao mercado internacional.
O câmbio flexível (e a liberdade de movimento de capitais, com instituições eficientes), ao mesmo tempo em que libera às autoridades a escolha da política monetária, pode tirar-lhe as condições de permitir o estabelecimento de uma taxa de câmbio adequada ao desenvolvimento econômico, o que só acontecerá quando a taxa de juro real interna for igual à externa.
Isso é claramente impossível no Brasil, onde o Banco Central namora a crença de que nossa taxa de juro real de equilíbrio está entre 7% e 8% ao ano!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

BLOG ANO 3 - 02/02/2010

Hoje, 02/02/2010, este blog completa dois anos de criação, iniciando então seu 3º ano. Em 02/02/08 estávamos em férias em IBIAPINA, lá no interior do CEARÁ e, resolvemos, porque não, termos o nosso blog. Hoje, por feliz coincidência, estamos em FORTALEZA, festejando esta importante data.

Nestes dois anos tivemos uma experiência fantástica com algo que, a princípio, acreditávamos ser alguma coisa bem simples. Na realidade, trata-se de mais uma atividade que incluímos na nossa rotina e que nos trouxe muitas alegrias, aprendizados, amizades, autoconhecimento e autonomia "econômica".

Se por algumas vezes deixamos nossos quase dois (milhões de...?) fiéis leitores sem notícias, no entanto, a satisfação de difundir o que acreditamos, o que pensamos e o que podemos fazer para mudar o que aí está, foi mais forte e não permitiu que o blog fosse extinto.

Através deste espaço procuramos divulgamos a ECONOMIA de uma maneira universal, porém sem deixar de registrar a nossa preferência pelo capitalismo e por um livre mercado consciente, sem que o Estado tenha o poder de dizer o que devemos ou não fazer. Para nós, continua valendo a máxima “There is no such thing as a free lunch.”

Neste período tivemos o prazer de mantermos contatos com colegas das mais diversas regiões, opiniões e que, concordando ou não com nossas idéias, tornaram este espaço um ambiente plural e capaz de refletir sobre dogmas, sempre em busca da melhor maneira de VIVER A VIDA, consciente que a ECONOMIA está presente em tudo que fazemos.

Agradecemos mesmo a todos que tiveram a paciência de manter este contato virtual conosco, ao grande número de competentes colegas blogueiros com os quais estamos sempre aprendendo e, até aos que, com suas razões, criticaram a nossa visão de mundo.

Então, que venha 2010 e o ANO 3 deste blog, com a força de todos os nossos colegas e leitores.

João Melo, direto da floresta amazônica, hoje, provisoriamente, no litoral cearense!

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

O ESPÍRITO ANIMAL

Devido, como diz o ELIO GASPARI, a legislação de VARGAS, hoje estou em FORTALEZA revendo a família. Para variar, encontrei no livro acima um texto muito bom para os meus atuais dias. Neste livro, os economistas George Akerlof e Robert Shiller desafiam a inteligência econômica que colocou o mundo dentro da crise financeira, e apresentam uma visão que transformará as economias e restaurará a prosperidade. Os autores detalham efeitos dos espíritos animais na vida econômica da contemporaneidade - como confiança, medo, falta de fé, corrupção, preocupação com a justiça, e explicam que para administrar essas forças requer a ajuda do governo.

DE NOVO O DÓLAR.

Direto da FOLHA DE S. PAULO, editorial de hoje sobre a ECONOMIA BRASILEIRA:

Desde as semanas que se seguiram à falência do banco americano Lehman Brothers, ocorrida em setembro de 2008, têm sido raras as ocasiões em que a subida do dólar diante do real despertou preocupações. Em geral aconteceu o contrário: pressões de alta da moeda brasileira suscitaram temores, principalmente entre exportadores.

Esta tendência se inverteu no mês passado. A unidade do dólar, que custava R$ 1,74 no final de dezembro de 2009, fechou janeiro negociada a R$ 1,87. A alta, pouco superior a 8%, recolocou a cotação da moeda americana num patamar que não se via desde julho do ano passado.

Nada, obviamente, que se compare à vertiginosa disparada do dólar, de quase 60%, no auge da crise, algo cuja repetição não está no horizonte. Ainda assim, se a nova tendência de valorização discreta e paulatina do dólar persistir pelas próximas semanas -e há motivos para crer que persista-, o pêndulo das preocupações do governo e das empresas brasileiras começará a deslocar-se novamente.

Mais uma vez, o real é o polo passivo desse movimento de alta do dólar, que encontra seus fundamentos no desempenho das economias centrais, em especial da americana. A moeda dos Estados Unidos, depois de bater recordes mundiais de baixa, começa a valorizar-se perante as principais divisas do planeta.

O resultado do PIB dos EUA no quarto trimestre - que mostrou atividade em aceleração -, somado à percepção de que os impulsos monetário e fiscal do governo americano chegaram ao limite e começarão a ser retirados, contribui para essa revalorização do dólar. Tudo isso incentiva a expectativa de lucros e, principalmente, de juros em elevação nos Estados Unidos, o que leva investidores a um aumento de aplicações em dólar, em detrimento das em outras moedas.

Além disso, o temor de complicações adicionais em economias europeias como a grega - associado à perspectiva de ligeira diminuição no atual ritmo de alta do PIB na China, no Brasil e na Índia - reforça essa procura pelo dólar, moeda que, a despeito da virulência da crise nos EUA, ainda preserva o status de "porto seguro" em caso de ameaça.

No Brasil, a desvalorização do real, no momento em que a economia americana retoma paulatinamente as compras, poderia mitigar a situação desfavorável aos nossos exportadores e, por conseguinte, às nossas contas externas. Mas traria, adicionalmente, renovadas preocupações acerca do controle da inflação, em especial quando o governo gasta bem mais do que deveria.

Volta-se ao velho dilema: o descontrole das contas públicas favorece o aumento da dose dos juros pelo Banco Central.

sábado, 30 de janeiro de 2010

A THE ECONOMIST DESTA SEMANA!

Com todo o respeito e admiração que tenho pela revista, fundada em 1843, esta foi, na minha opinião, a pior capa que vi. E que eles são doutores em capas geniais não existem dúvidas, mas nesta semana...

A CHINA DOMINARÁ O MUNDO?

Diretamente do Valor Econômico de 28/01/2010, Dani Rodrik, professor de Economia Política na Escola de Administração Pública John F. Kennedy da Universidade Harvard, pergunta: A China dominará o mundo?
A China ainda é um país pobre, mesmo assim projeta-se que sua economia ultrapasse a dos EUA em tamanho nas próximas duas décadas;
Trinta anos atrás, a China tinha uma presença minúscula na economia global e pouca influência fora das suas fronteiras, exceto por alguns países com os quais mantinha relações políticas e militares próximas. Hoje, o país é uma notável potência econômica: maior centro fabril do mundo, destacado investidor mundo afora, da África à América Latina, e, cada vez mais, uma importante fonte de pesquisa e desenvolvimento.
O governo chinês está sentado sobre um nível espantoso de reservas cambiais, superior a US$ 2 trilhões. Não existe um único setor em algum lugar no mundo que já não tenha sentido o impacto da China, seja como um fornecedor de baixo custo, ou, de forma mais ameaçadora, como um concorrente formidável.
A China ainda é um país pobre. Apesar de a renda média ter aumentado muito rapidamente nas décadas recentes, ela ainda se situa entre 1/7 e 1/8 dos níveis nos EUA, mais baixo que o da Turquia ou Colômbia. Enquanto a China litorânea e suas metrópoles mais importantes exibem riqueza formidável, extensas faixas da China Ocidental continuam atoladas na pobreza. Apesar disso, projeta-se que a economia da China ultrapasse a dos EUA em tamanho nas próximas duas décadas.
Enquanto isso, os EUA, a única superpotência econômica do mundo até recentemente, permanecem um gigante diminuído. O país se vê humilhado por seus fiascos em política exterior e por uma descomunal crise financeira. Sua credibilidade depois da desastrosa invasão do Iraque está no seu nível histórico mais baixo, apesar da simpatia global pelo presidente Barack Obama, e seu modelo econômico está em pedaços. O outrora todo-poderoso dólar cambaleia à mercê da China e dos países ricos em petróleo.
Todos esses elementos levam a perguntar se a China acabará substituindo os EUA como o poder hegemônico do mundo, o ditador e fiscalizador de regras do mundo. Num livro novo fascinante, intitulado de forma esclarecedora "When China Rules the World" (Quando a China dominar o mundo), o intelectual e jornalista britânico Martin Jacques é contundente: se você pensa que a China será integrada suavemente num sistema mundial liberal, capitalista e democrático, argumenta Jacques, prepare-se para uma grande surpresa. A China não só será a próxima superpotência econômica, como também a ordem mundial que ela construirá parecerá muito diferente daquela que tivemos sob a liderança dos EUA.
Americanos e europeus presumem displicentemente que a China se tornará mais parecida com eles à medida que sua economia se desenvolver e sua população ficar mais rica. Isso é uma miragem, diz Jacques. Os chineses e seu governo estão ligados a um conceito diferente de sociedade e de regime: baseado em comunidade, em vez de individualista, centralizado no Estado, em vez de liberal, autoritário em lugar de democrático. A China tem 2 mil anos de história como uma civilização distinta, aos quais pode recorrer para se fortalecer. Ela não se curvará simplesmente aos valores e instituições do Ocidente.
Uma ordem mundial centrada na China refletirá valores chineses em vez de ocidentais, argumenta Jacques. Pequim eclipsará Nova York, o renminbi substituirá o dólar, o mandarim assumirá o lugar do inglês, e os alunos em todo o mundo aprenderão sobre as viagens de descobrimento de Zheng He ao longo da costa Oriental da África, em vez de aprenderem sobre Vasco da Gama ou Cristóvão Colombo.
Serão coisas do passado o evangelismo dos mercados e a democracia. É muito menos provável que a China interfira nos assuntos internos de Estados soberanos. Em troca, porém, ela exigirá que países menores e menos poderosos reconheçam explicitamente a primazia chinesa (exatamente como nos sistemas tributários de antigamente).
Antes que algo dessa natureza venha a ocorrer, contudo, a China deverá continuar o seu veloz crescimento econômico e manter sua coesão social e união política. Nada disso está garantido. Por baixo do possante dínamo econômico da China encontram-se profundas tensões, desigualdades e rachaduras que poderão até arruinar uma progressão tranquila rumo à hegemonia global. Ao longo da sua longa história, forças centrífugas muitas vezes empurraram o país na direção da desordem e da desintegração.
A estabilidade da China depende criticamente da capacidade do governo de distribuir ganhos econômicos contínuos à vasta maioria da população. A China é o único país do mundo onde qualquer coisa abaixo de 8% de crescimento ano após ano é considerado perigoso porque o fato poderia desencadear inquietação social. A maioria do resto do mundo apenas sonha com crescimento àquela taxa, o que deixa entrever muito sobre a fragilidade subjacente do sistema chinês.
A natureza autoritária do regime político está no núcleo dessa fragilidade. Ele só permite a repressão quando o governo enfrenta protestos e oposição fora dos canais estabelecidos.
O problema é que ficará cada vez mais difícil para a China manter o tipo de crescimento que experimentou nos anos recentes. O crescimento do país atualmente se apoia numa moeda subvalorizada e num enorme superávit na balança comercial. Isso é insustentável e, cedo ou tarde, precipitará um confronto de grandes proporções com os EUA (e a Europa). Não há formas fáceis de contornar esse dilema. A China provavelmente precisará se conformar com crescimento mais baixo.
Se a China superar esses obstáculos e realmente acabar se tornando a potência econômica predominante do mundo, a globalização deverá, certamente, assumir as características chinesas. Assim, a democracia e os direitos humanos provavelmente perderão a sua atratividade como normas mundiais. Esse é o lado negativo.
O lado positivo é que uma ordem global chinesa mostrará maior respeito por soberania nacional e mais tolerância por diversidade nacional. Haverá maior espaço para experimentação com diferentes modelos econômicos.
Nota deste blogueiro:
espero que DANI RODRIK esteja errado: a CHINA NUNCA dominará o mundo.

ECONOMICS - GREGORY MANKIW

Além de ter um dos livros textos de ECONOMIA mais lidos e vendidos no mundo, GREG MANKIW também é colega blogueiro, evidentemente num patamar além das estrelas. Ontem ele publicou um e-mail que recebeu de um Professor, exatamente sobre o título de seu principal livro ECONOMICS. Veja abaixo como ficou nota dez!
Ten Key Principles in Economics!
Everything has a cost. There is no free lunch. There is always a trade-off.
Cost is what you give up to get something. In particular, opportunity cost is cost of the tradeoff.
One More. Rational people make decisions on the basis of the cost of one more unit (of consumption, of investment, of labor hour, etc.).
iNcentives work. People respond to incentives.
Open for trade. Trade can make all parties better off.
Markets Rock! Usually, markets are the best way to allocate scarce resources between producers and consumers.
Intervention in free markets is sometimes needed. (But watch out for the law of unintended effects!)
Concentrate on productivity. A country’s standard of living depends on how productive its economy is.
Sloshing in money leads to higher prices. Inflation is caused by excessive money supply.
!! Caution: In the short run, falling prices may lead to unemployment, and rising employment may lead to inflation.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O VALOR DA LIBERDADE

Enquanto em 1787, THOMAS JEFFERSON afirmava que “Se eu tivesse de decidir entre ter um governo sem jornais e ter jornais sem governo, eu não hesitaria nem por um momento antes de escolher a segunda opção”, VLADIMIR LENIN, em 1912 dizia que “Dar à burguesia a arma da liberdade de imprensa é facilitar e ajudar a causa do inimigo. Nós não desejamos um fim suicida, então não a daremos.”

Neste 2010, qual a opção que você prefere?

O DÓLAR DE DELFIM

Hoje, na FOLHA DE S. PAULO, o colega DELFIM NETTO analisa sobre “O DÓLAR OU A BABEL”. Bom assunto neste momento que o dólar não para de subir...

O irrequieto presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou que, "se fabricamos em euros e vendemos em dólares, com o dólar que cai e o euro que sobe, como vamos compensar o deficit de competitividade?" Qual é a sua solução para o dilema? Como "o mundo tornou-se multipolar, o sistema monetário também deve tornar-se multipolar", proposta que apresentará na próxima reunião dos G20.

Deixando de lado a ambiguidade da sugestão, é claro que ele não pensou seriamente no assunto. Em primeiro lugar porque as operações comerciais de bens e serviços não chegam a 5% do movimento de câmbio mundial. O resto é movimento de capitais em tempo real (diariamente equivalente ao PIB brasileiro anual) realizado por agentes especializados em mercados que funcionam 24 horas por dia, sete dias por semana...

Em segundo lugar (e se estou lembrado do meu cálculo combinatório), se cada país tentasse realizar as operações de bens e serviços em sua própria moeda, com 20 países, seria necessário que existissem mercados capazes de estabelecer simultaneamente 190 taxas de câmbio que obedeçam a 3.420 taxas cruzadas de equilíbrio. Com 170 países (mais ou menos o que existe no mundo), seria preciso construir mercados capazes de estabelecer 14.365 taxas de câmbio, que obedecessem a nada menos do que 2.413.320 taxas cruzadas de equilíbrio! Seria a Babel e o paraíso dos arbitradores.

Por que não vamos diretamente ao problema, que é: 1º) exigir que o organismo internacional, a OMC, obrigue os seus membros a obedecerem seus compromissos (o que não ocorre com relação à China); e 2º) desestimular o livre movimento de capitais especulativos? Por que temos de continuar poetizando sobre a substituição do dólar como moeda de referência internacional? Isso um dia vai acontecer naturalmente (ou artificialmente com uma "moeda fictícia").

Por definição essa nova moeda deverá: 1º) ter poder liberatório (ser universalmente aceita); 2º) ter a confiança dos operadores (que devem manter nelas suas posições futuras); e 3º) ser a moeda em que se realizam as operações de Bolsa (à vista e futuro) que estabelecem os preços internacionais.

Em uma palavra: deverá ter a confiança irrestrita dos agentes econômicos. A coisa mais ridícula é supor que a moeda chinesa possa, num horizonte visível, substituir o dólar. Logo a China, que viola todas as regras do comércio internacional e cujas instituições obedecem ao arbítrio do PC Chinês. A moeda é uma instituição social apoiada na confiança. Não pode ser criada por um ato de vontade!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

PAULO GUEDES E AS TRIBOS!

Que o colega PAULO GUEDES com seus quinzenais artigos na página NOSSA ECONOMIA, na revista ÉPOCA, é um espetáculo, todos os seus leitores já conhecem. No entanto, sua última coluna "nossa democracia é como um saci-pererê", tem um final extraordinário para reflexão dos que AINDA não entenderam como o mundo gira. Vejamos o que diz o articulista:
"Há hoje, claramente, DUAS tribos na América Latina: de um lado, o Chile, o Peru, o BRASIL e a Colômbia. De outro, Cuba, Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador. NÃO HÁ MUITAS DÚVIDAS QUANTO A QUEM ESTÁ NO CAMINHO CERTO - e quem repete tragicamente erros do passado".
Alguém discorda?

sábado, 23 de janeiro de 2010

PARABÉNS SÃO PAULO - 25/01/2010

Como posso não postar na data, nada como recordar neste sábado, um pouco da melhor cidade do BRASIL. Parabéns SÃO PAULO no dia do seu aniversário.

ESTADOS UNIDOS+CHINA=G2

O colega DELFIM NETTO está preocupado como a relação Estados Unidos-China poderá prejudicar os demais países. Então vamos ler seu artigo na FOLHA DE S. PAULO, com o título “ATÉ QUANDO?

Na visita de Obama à China, criou-se uma espécie de G2 informal (EUA e China), cujo comportamento arrogante pretende determinar a evolução do Resto do Mundo. Trata-se, sem dúvida, de duas importantes economias. Mas elas, somadas, não fazem mais do que 30,5% do PIB mundial - quando avaliado pelas taxas de câmbio correntes - ou 31,7%, quando avaliadas pelo duvidoso conceito de paridade de poder de compra (2008). As exportações dos dois países representaram, em 2008, 16,9% das exportações de bens e serviços mundiais. A conversa de Obama com Hu Jintao no que dizia aos interesses recíprocos foi pouco mais do que um diálogo de surdos: os EUA recusaram à China a sua pretensão de ser reconhecida como "economia de mercado", e a China fingiu que não ouviu a súplica americana para que deixasse o yuan flutuar livremente... Em relação ao que parece que será o maior problema do século 21 - o aquecimento global no que respeita aos efeitos produzidos pela atividade humana -, os dois continuam tendo um oportunismo cínico. A China afirma que fará tudo, desde que isso não atrapalhe o crescimento do PIB de 9% ao ano, que o PC Chinês considera imprescindível para manter a ordem social sob controle. Os EUA comprometeram-se com uma redução da emissão de CO2 (ainda não aprovada no Senado) que é o resultado secundário do seu objetivo principal: a reconquista da autonomia energética perdida no século 20. O problema do câmbio chinês não é apenas americano. Representa uma ameaça para o equilíbrio da economia mundial. Cada um dos seus parceiros individualmente teme a China: a perda do seu mercado e a vantagem da importação barata. É evidente que a Organização Mundial do Comércio (OMC) finge estar surda e muda, intimidada pelas ameaças chinesas. Parece confirmar o velho ditado chinês (anterior à admissão da China no organismo) de que "a OMC não existe sem a China"... O Brasil assiste paralisado à destruição de suas cadeias produtivas pela supervalorização do real. A Comunidade Econômica Europeia vê a China transformar-se no primeiro exportador mundial (ultrapassando a Alemanha) com o euro valorizado. O Japão vê a sua economia definhar com o iene supervalorizado. Alguém pode acreditar que isso seja resultado da superprodutividade chinesa? É hora de a OMC assumir a sua responsabilidade pela boa organização do comércio internacional. Até quando isso durará antes que as forças políticas daqueles países exijam a volta do protecionismo que incomodará a China, ameaçará a economia mundial e liquidará a OMC?

PAÍSES POBRES AJUDAM PAÍSES RICOS? SIM!

Recebi este texto de um inteligente colega da empresa, cujo tema é estranho para muitos: DINHEIRO DOS POBRES AOS RICOS. Quando pensamos que já vimos de tudo...

Os países em desenvolvimento forneceram recursos financeiros líquidos de US$ 568 bilhões para os países ricos no ano passado, revelam estatísticas preliminares da Organização das Nações Unidas (ONU).

O montante é substancial, mas inferior aos US$ 891 bilhões transferidos pelas nações pobres para as ricas em 2008. A situação de 2009 refletiu a forte contração global da produção e do emprego.

Essa transferência é definida como entrada líquida de capitais menos saída de recursos para investimentos, pagamentos de juros e remessa de lucros. A acumulação de reservas oficiais é um dos principais mecanismos pelo qual esse fenômeno tem ocorrido.

As nações em desenvolvimento continuaram a acumular reservas oficiais no ano passado, embora em menor nível, no rastro de contração global da produção e do emprego. Somente a China acumulou mais de US$ 400 bilhões em 2009.

A ONU reconhece que as reservas dão maior proteção contra choques externos provocados pela volatilidade dos mercados mundiais.

Mas insiste que isso também traz problemas de custo para os emergentes, assim como as consequências monetárias de acumulação excessiva de reservas cambiais tornam-se "crescentemente penosas para a economia doméstica".

Para as Nações Unidas, uma maneira ordenada e menos custosa, "em termos humanos", para reduzir a transferência líquida internacional de recursos de pobres para ricos seria um crescimento mais acelerado nos países em desenvolvimento.

Mas a entidade diz que a maioria dos países em desenvolvimento tem espaço fiscal e monetário limitado para manter a demanda doméstica e continua ameaçada por crises.

A ONU estima que o fluxo líquido de capitais privados para as 30 principais economias emergentes pode começar a se recuperar em 2010 e alcançar US$ 650 bilhões.

Ainda ficará abaixo do pico de US$ 1,2 trilhão de 2007, antes da crise. Em 2008, o fluxo caiu pela metade e no ano passado teria ficado em US$ 350 bilhões.

A importância de debater o PIB nas eleições 2022.

Desde o início deste 2022 percebemos um ano complicado tanto na área econômica como na política. Temos um ano com eleições para presidente, ...